Psicoterapia e Cursos
Jaqueline Cássia OliveiraJaqueline Cássia OliveiraJaqueline Cássia Oliveira
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Dissociação afetiva – o grito dos mudos

O INÍCIO

Chegamos nesta vida “sem eira nem beira, nada nos bolsos ou nas mãos”.

Não temos ainda defesa imunológica para nosso corpo e nem defesa emocional para nosso “ego/eu” em formação.

Somos muito frágeis!

Precisamos de muita proteção (vacinas, agasalhos, leite materno) e precisamos de amor, carinho, cuidados, atenção.

E principalmente, precisamos que alguém “sonhe” conosco.

Se não somos sonhados, esperados, desejados, podemos “psicotizar” ou até morrer de inanição!

E quem nos nomeou, pode ser aquela pessoa que “sonhou” conosco!

Portanto, saber quem escolheu nosso nome pode ser uma pista para saber que tipo de “expectativa” ou “projeto gestacional” portamos.

CRENÇAS, DESCRENÇAS E VALORES

E então, enquanto crianças, ainda não temos valores próprios. Nos organizamos inicialmente, através dos valores de nossas famílias.

Somos “cópias e crentes”, já que, no início da vida não temos a capacidade de fazer um “juízo de valor”.

Portanto, as crianças são crentes e os adolescentes em geral são descrentes.

E uma das crenças que o ser humano poderá “carregar” ao longo de sua vida é a crença do pertencimento e do reconhecimento.

Precisamos muito pertencer (a uma família, grupo, associação, time…) e precisamos ser reconhecidos – nosso narcisismo primário.

A PSIQUE

A psique humana – a ânima ou alma – didaticamente pode ser “dividida” em consciente e inconsciente.

O consciente corresponde a 5% da nossa psique – é “aquilo que sei que sei.”

O inconsciente corresponde a 95% da nossa psique – é “aquilo que não sei que sei.”

"O que um dia eu vou saber, não sabendo eu já sabia."
Milton Erickson

O IMAGINÁRIO

Nessa “trajetória” psicológica do ser humano é importante ressaltar também que, quando o bebê chega ao mundo ele já nasce imaginando!

Várias teorias psicológicas afirmam que um feto em formação já possui um imaginário, que se conecta ao imaginário de sua mãe e de sua família.

Carl Gustav Jung, ainda no século 19, nomeou este imaginário como “inconsciente coletivo”.

IMAGINÁRIO, ILUSÃO E SONHOS

Nascemos imaginando e não paramos de imaginar nem sequer um minuto do dia!

E ao dormir, essa nossa “produção imaginária” se manifesta na forma incrível dos sonhos ou pesadelos (também nos sonambulismos, delírios, alucinações, fantasias, imaginações, etc.).

Todo mundo sonha, todas as noites! Em preto e branco ou a cores!

Nos sonhos, experimentamos uma espécie de “dissociação saudável”.

Explico melhor esta ideia: quando estamos acordados (estado de vigília) pensamos e agimos de uma maneira adequada ao social. Mas quando dormimos, sentimos e agimos de outra forma, mais adequada ao nosso mundo interno, à nossa alma!!

Ou seja, quando a nossa persona dorme, a nossa ânima (alma) acorda e entra em ação!

O sonho é a manifestação de nossa ânima!

Nesse estado de consciência, experimentamos, falamos e sentimos coisas, que, quando despertamos, dizemos que tivemos sonhos muito estranhos ou loucos!

O ‘SIMBOLÊS’

Uma característica dos sonhos (também dos delírios e alucinações) é que são difíceis de traduzí-los.

A tradução dos sonhos é muito difícil, porque nossa “psique” não fala Português, Italiano ou Inglês.

A língua falada por ela é o “simbolês” !

Em nossos sonhos, tudo é “narrado” em forma de imagens e símbolos, usados para representar nossos sentimentos, nossos desejos, nossas dores e nossos traumas, que, por vários motivos ficaram “mudos”.

Através dos sonhos, a nossa alma por fim se expressa – ela fala, chora, grita, briga, ataca, foge, luta, conquista, morre, mata, se alegra…

Portanto, é preciso um profissional muito experiente para ajudar ao sonhador,  na tradução do conteúdo latente de sua “alma”.

O mesmo vale para quem delirou ou que “produziu” sintomas psicológicos e/ou físicos, como expressões de suas dores, seus conflitos, seus traumas…

Todo sintoma é um mal menor. Mal maior é uma outra coisa...

PESSOA E PERSONAGEM

E então, quando acordamos, vestimos novamente nossa personagem/máscara e saímos para o mundo externo, para o trabalho, para a vida social, etc.

E a nossa “pessoa” (mundo interno ou alma) fica “guardada”, protegida do mundo social.

Porém, por muitas vezes, nossa alma pode ficar muito tempo abandonada e esquecida em nossos porões inconscientes!

Podemos nos envolver demais com o trabalho, com a luta pela sobrevivência, atrás de nossas ambições, na busca de reconhecimento social, na criação de nossos mitos de heróis ou bandidos, sagrados ou profanos, nos esquecendo de quem somos, de nossa alma e o que viemos fazer nessa vida.

E quando a noite novamente chega, dormimos e a nossa “alma” acorda, aparecendo como um fantasma para nos contar sobre o que está acontecendo com a nossa vida intima, com nossos sentimentos, nossos dissabores, nossos desejos…

A nossa alma conhece tudo sobre nós! Para ela, passado, presente e futuro é um tempo só!

DISSOCIAÇÃO

Portanto, o ser humano vive seu dia-dia nessa dissociação contínua!

Essa dissociação, em muitos momentos pode ser muito adequada, como forma de proteger nossa intimidade.

Entre o mundo externo e o mundo interno, a dissociação ou dissimulação adequada, criará possibilidades para a persona ou máscara representar no social, que é o mundo das “importâncias”.

E em outro momento, abrirá espaço e tempo para a vida intima, como pausa reparadora, permitindo então que a alma se manifeste.

Uma pista de que nos desconectamos em demasia de nossa alma é quando estamos “desanimados” – sem ânima.

O problema é que somos mais dissociados do que podemos imaginar…

DISSOCIAÇÃO AFETIVA E TRAUMAS

A dissociação afetiva, como transtorno, é um estado patológico agudo de descompensação, no qual certos pensamentos, emoções, sensações e/ou memórias são ocultados, por serem muito traumaticos e chocantes para a nossa psiquê conseguir integrar.

A dissociação afetiva, pode manifestar-se imediatamente após uma situação traumática ou até muitos anos depois.

Ela pode aparecer como um pequeno “trinco” em nossa personalidade (neurose), ou uma rachadura (bordeline) chegando até uma grande cisão (psicose).

Na psicose, o indivíduo se dissocia do real.

Todo doido tem uma grande dor – doido é muito “doído”.

O psicótico, por exemplo, quando ele surta (dissocia), está denunciando tudo o que já aconteceu, a ele ou ao seu sistema familiar.

Pode ser algo que ele vivenciou ou assistiu ou ainda, que lhe foi transmitido geracionalmente e que não está “integrado” em seu mundo interno.

Já os indivíduos “bordelines” se mantêm firmes entre o cindir e o não cindir – mas vivem na “beira da borda” entre a loucura e a sanidade.

O TRAUMA, A DOR E O SOFRIMENTO

Sabemos que o ser humano possui uma capacidade cognitiva, o que o diferencia dos animais.

Assim, ao vivenciar um trauma, muitas vezes, diferente dos animais, o ser humano não ataca ou foge, escolhendo ficar quieto, mudo, com vergonha, enquanto sua alma está gritando de dor.

Ao vivenciar um grande trauma, para suportar a dor, o ser humano usará inicialmente o mecanismo de defesa da dissociação afetiva.

Dissociando a emoção do fato ocorrido, ele “guarda” aquela vivência no seu “freezer” emocional, por dias, meses, anos ou uma vida inteira.

O trauma pode ter sido um abuso, uma agressão, uma humilhação, uma desconsideração, uma traição, qualquer coisa que tenha sido vivenciada como violenta, desrespeitosa e sem possibilidades de elaboração, de entendimento ou ressarcimento.

O GRITO DOS MUDOS

Assim, o caminho desse trauma pode ser a dissociação afetiva – a pessoa desconecta a emoção do fato, não fala, não chora, não briga, podendo até negar ou esquecer o que aconteceu.

Uma pessoa que viveu um trauma, estando dissociada, pode narrar o ocorrido sem nenhuma emoção. Em geral a emoção camuflada é da raiva que sentiu naquele momento de humilhação.

Uma pessoa pode passar uma vida negando uma história, um fato, um abuso, uma raiva!

Pode também usar de muitos mecanismos de defesa para conseguir fazer isso – trabalhando muito, bebendo muito, usando drogas, rezando muito, limpando muito, juntando coisas.

As compulsões, em geral, são sintomas de dissociação afetiva.

O “TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE”

O Transtorno Dissociativo de Identidade é um transtorno mental no qual a pessoa sofre de um desequilíbrio psicológico, havendo alterações na consciência, memória, identidade, emoção, percepção do ambiente, controle dos comportamentos.

Na maioria dos casos verifica-se amnésia dissociativa: incapacidade de recordar eventos diários, informações pessoais importantes ou eventos traumáticos de uma forma que não pode ser explicada pelo esquecimento normal.

Os diferentes estados de personalidade revelam-se de forma alternada no comportamento da pessoa, embora a sua apresentação possa variar.

Em muitos casos, a condição está associada a outras perturbações, como a perturbação de personalidade limítrofe (bordeline), perturbação de stress pós-traumático, depressão, perturbação por abuso de substâncias, autolesão ou ansiedade.

Alguns dos sintomas:

dificuldade de reconhecer o que está sentindo, por exemplo, numa situação de tristeza, apresenta risos desconexos.

viver como um “mito” muito poderoso (no trabalho, na família, na religião, na política, etc), não permitindo que a sua “pessoa” se apresenta como é. Por exemplo, pessoas muito engraçadas que mascaram sua tristeza; pessoas muito fortes que mascaram a sua fragilidade; pessoas valentonas que escondem seus medos; pessoas que se mostram muito bondosas ou caridosas, mas quando estão sozinhas, fazem maldades; etc.

pesadelos, sonambulismos, delírios noturnos – falar, xingar, gritar, bater, chorar.

sentir que tem duas ou mais pessoas dentro de si, querendo se expressar.

vivenciar situações emocionais de forma fria, dissociada do fato.

despersonalização — que se refere a sentir-se irreal, removido de si próprio e desconectado do processo físico e mental do eu; o indivíduo pode sentir-se como um espectador ou observador de sua vida e pode enxergar a si próprio como se estivesse assistindo a um filme; desrealização — que se refere à percepção de pessoas familiares como se elas fossem estranhas ou mesmo irreais.

DIAGNÓSTICO DO “TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE”

Fazer o diagnóstico de transtorno dissociativo de identidade pode levar tempo.

Estima-se que os indivíduos com transtornos dissociativos passem anos em terapia ou no sistema de saúde mental antes do diagnóstico preciso.

Isto é comum, porque a lista de sintomas de uma desordem dissociativa é muito semelhante a de muitos outros diagnósticos psiquiátricos, como esquizofrenia, bipolaridade, distimia, transtorno bordeline, alzheimer, entre outros.

Na verdade, muitas pessoas que têm transtornos dissociativos também têm coexistindo diagnósticos de borderline ou outros transtornos de personalidade, depressão, ansiedade

TRATAMENTOS

Por enquanto não há um tratamento específico para o transtorno dissociativo de identidade.

Mas sabemos que um tratamento mais eficaz, inclui a psicoterapia e outras terapias como Florais de Bach, Fitoterapia, Microfisioterapia, Arteterapia e tantas outras que forem possíveis.

Não há estabelecidos psicofármacos para tratamentos de transtorno dissociativo de identidade. Mas o tratamento de doenças concomitantes, como a depressão ou vício em substâncias, é fundamental para a melhoria global.

Uma vez que os sintomas de transtornos dissociativos muitas vezes ocorrem com outros distúrbios, tais como ansiedade e depressão, os medicamentos para tratar os problemas concomitantes, caso estejam presentes, são por vezes usados em adição à psicoterapia.

“AS COISAS MUDAM NO DEVAGAR DEPRESSA DOS TEMPOS.”

Esta frase de Guimarães Rosa, nos lembra que a vida é breve.

E que a infância, adolescência, fase adulta e velhice são fases interligadas da vida.

Então, muitas das demências que aparecem na velhice, são desdobramentos das dissociações ocorridas durante toda vida de uma pessoa.

São os fantasmas de uma vida inteira dizendo ao idoso – “eu estou aqui! eu estou aqui!” Por favor, me escute, me inclua!

SÃO MUDOS GRITANDO!

A partir dos 40 anos, ou a pessoa se encontra com a sua alma, ou vai deprimir, cair na fossa, adoecer ou começar a “caducar”.

Na visão da Psicogenealogia, se uma pessoa se despede desta vida de forma fragmentada, ou seja, sem fazer as devidas inclusões afetivas, ela deixará, para a próxima geração, a incubência de fazer a integração daquela dissociação ou exclusão ocorrida.

Em Psicogenealogia este fenômeno se chama Criptas e fantasmas.

Então, deveríamos tirar mais tempo para conversar com nossos idosos, como forma de favorecê-los a integrar as suas histórias.

E principalmente, precisamos tirar um tempo para fazer terapia, além de compartilharmos sobre a nossa vida emocional com quem nos é caro e íntimo.

Por fim, devemos buscar o que tem validade, equilibrando o que está em excesso e o que está escasso em nossas vidas.

Feliz vida a todos!

 

Sugestões:
Leitura do livro ou assistir ao filme de Deepak Chopra - "O efeito sombra". https://www.youtube.com/watch?v=rcfbxbihSsQ
Mais informações técnicas sobre o tema, clique no link: https://amenteemaravilhosa.com.br/dissociacao-fenomeno-mente/
Texto elaborado por:
Jaqueline Cássia de Oliveira​
Psicóloga - CRP 04/7521
Psicoterapeuta Familiar Sistêmica (Brasil)
Psicogenealogista (Itália)
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