“Afirmo ao senhor, do que vivi:
o mais difícil não é um ser bom e proceder honesto;
dificultoso, mesmo, é um saber definido o que quer,
e ter o poder de ir até no rabo da palavra.” (J.G.Rosa)
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1ª. IDADE – CRONOLÓGICA: medida a partir da sua data de nascimento.
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2ª. IDADE – FISIOLÓGICA: é o grau de cuidado que você tem com a sua saúde. É aquela idade que o seu organismo responde por ela.
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3ª. IDADE – IMAGINÁRIA: é aquela em que você ficou desconectado com o Real. Quando você fica frustrado (briga com o Real) é para lá que você volta. Pode coincidir com a idade que você sofreu uma frustração e não tolerou.
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4ª. IDADE – A ESCOLHIDA: é a idade que eu escolho estar. Pessoas de 40 podem escolher a idade de 70 anos ou uma pessoa com a idade cronológica de 70 anos pode escolher estar funcionando com a idade de 40. Inevitavelmente a partir dos 40 anos, você vai precisar escolher a sua melhor idade! A base de referência de escolha desta idade é o que você quer da sua vida.
SOBRE A IDADE DOS NOSSOS PAIS
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Ver a idade imaginária dos seus pais. Onde será que os seus pais empacaram (pararam)?
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NA IDADE EM QUE UM PAI EMPACAR, É PROVÁVEL QUE SEUS FILHOS TAMBÉM EMPAQUEM.
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Caso tenha acontecido uma parada, onde foi que você parou?
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Você parou na impotência ou na prepotência?
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Como “bebê ou babá”?
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Dependente ou co-dependente?
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Adulto ou adulterado?
DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR!
CRIANÇA
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É crente.
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É cópia (muitas vezes cópia de cópias…)
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É apegada (objeto transacional).
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Ainda não construiu um valor interno.
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Se sente solitário.
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É mimada e não gosta de ser contrariada.
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Precisa de muita atenção.
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É primitivo – Tem precisão e necessidade (do outro, de coisas, do externo).
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“Comandada” pelos instintos, emoções e imaginário.
ADOLESCENTE
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É descrente e do contra.
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Busca valores diferentes do familiar.
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Deseja ser diferente, mas sendo igual a outro grupo.
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Questiona as crenças familiares, religiosas, políticas, mas ainda continua fazendo cópias.
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É desatento e desesperado.
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Emoções à flor da pele, que é uma espécie de rascunho de sentimentos verdadeiros.
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E muito imaginário que é uma espécie de rascunho de pensamento articulado.
ADULTO
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Tem um valor interno próprio (diferente de crenças)
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Tornou-se SUJEITO – é o agente da ação e ocupa o seu espaço no seu tempo.
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Não baixa demais no nível da negociação.
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Pode até chegar a certo apego, mas temporariamente.
ADULTERADO
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Indivíduo sem CONSTRUÇÃO INTERNA, sem valor interno e portanto preso ao outro.
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A característica evidente deste tipo de pessoa é o narcisismo (vaidade e inveja): impossibilidade de integração entre o ego dele e o ego do outro.
DOIS TIPOS DE ADULTERADOS:
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Existe aquele que passa por cima do outro e busca a atenção de forma infantil. Brinca de herói e salvador. É prepotente.
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E existe aquele que passa por cima de si mesmo e se apega ao outro. É dependente, vítima, impotente.
Exemplos:
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Alcoólatras e usuários de qualquer droga (lícita ou ilícita); perda da consciência, deixando a vida nas mãos do outro. É uma espécie de escravidão (aprisionamento da alma).
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Dr. Eduardo Kalina fala a respeito de escravidão: compreendi que a adicção às drogas é uma forma de escravidão….A droga é um fenômeno de submissão…
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Os obesos, anoréxicos, bulímicos estão no presos na expectativa do outro, no reconhecimento do outro.
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As vítimas e os heróis: culpar ou salvar o outro.
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Psicopatas/perversos: que precisa da vítima apegada a ela e a vítima que precisa da força do seu algoz.
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Psicóticos: paralisados na busca do reconhecimento do outro.
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Intelectuais, work a holics – não dão atenção a si mesmos e transforma tudo em pensamento ou em coisas/dinheiro – busca a confirmação do outro através do ter e fazer.
SOBRE APEGO:
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O ser humano nasce mergulhado no imaginário e nasce APEGADO. A questão complicada é que apego gera acomodação, que gera mais imaginário e mais faz-de-conta.
SOBRE BEBÊ E BABÁ:
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Ajudar = valor
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Salvar = apego/ vício (dependência e co-dependência).
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Quando sou apegada a uma pessoa eu não valorizo a pessoa. Eu me apego na minha atitude em relação a ela (de salvá-la, de cuidar dela, etc).
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Valor = querer seu bem
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Apego = querer bem (gosto de você para mim!).
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O APEGO É FILHO DA CRENÇA ARRAIGADA
NEM TODO MUNDO TEM VALOR.
MAS TODO MUNDO TEM CRENÇA!
“O senhor deve de ficar prevenido:
esse povo diverte por demais com baboseira,
dum traque de jumento formam tufão de ventania. Por gosto de rebuliço.
Querem-porque-querem inventar maravilhas glorionhas,
depois eles mesmos acabam temendo e crendo.
Parece que todo mundo carece disso.” (J.G.Rosa)
DEPENDÊNCIA NATURAL X ESCRAVIDÃO E VÍCIO
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Dependência natural: é aquela necessária à sobrevivência (no tempo e forma adequada).
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Quando você adultera a dependência (como exemplo uma proteção excessiva), a dependência se torna escravidão, porque invalida o outro financiando-o a não crescer e ser livre.
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A melhor maneira de levar a pessoa de uma dependência natural a uma dependência disfuncional (escravidão da alma) é através do MIMO. Quem faz isto é um ilusionista = vou te mimar para ter o direito de comandar sua vida.
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Nota: o ser humano quando não é mimado, pode se mimar, por medo de crescer e responder pela própria vida.
A RELAÇÃO BEBÊ & BABÁ
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BEBÊ – O DEPENDENTE é exigente, frágil e privilegiado! Tudo o ofende, magoa. Ele emburra, pirraça, sapateia, engole fôlego, é escandaloso, bebe, usa drogas… E a babá fica paralisada diante do escândalo.
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BABÁ – O CO-DEPENDENTE é ilusionista. A babá pode ser limitante e/ ou destrutiva (poderoso chefão ou poderosa chefona)
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O bebê mimado não faz nada e a babá parece que faz tudo. A babá toma muitas decisões e no final não faz nada que valha a pena. É pura ilusão! Ninguém saiu do lugar! Ninguém cresceu! Não aconteceu nada no REAL. É tudo faz-de-conta…
AS RELAÇÕES FAMILIARES MAFIOSAS:
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Exemplo do filme: O Poderoso Chefão 1 (na relação mafiosa, quem está fora não entra, quem está dentro não sai).
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O cuidado emocional da família é trocado por CONTROLE.
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Instituição mafiosa é assim. O mafioso diz: – Se você ficar pequeno e indefeso, eu te protejo, te dou segurança. Mas você não pode sair da máfia jamais, senão ela te mata!
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Segurança que a máfia dá é em forma de tortura. É destrutiva tanto para o bebê, quanto para a babá.
OS TRÊS TIPOS DE AJUDA:
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Limitante – ajuda o outro e se exclui. É muito prestativo, mas limita e infantiliza o outro.
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Destrutiva – mafiosa . Tanto destrói o outro quanto se destrói.
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Interativa/ compartilhada: em mão dupla. Ajuda e pede ajuda. Faz pelo o outro e faz por si mesmo.
NÃO POSSO TE DAR A LUA. SÓ POSSO APONTAR!
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INTERAGIR é o oposto de mandar, de cobrar, de controlar.
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Eu não controlo nada. Mas eu posso interagir.
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Todas as vezes que me sentir inseguro vou querer controlar.
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Eu posso viver mandando, controlando ou me submetendo, sendo comandado pelo outro, pela comida, pela droga…
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A PREPOTÊNCIA É UM DIA DEPOIS DA IMPOTÊNCIA.
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A VIDA E O REAL NÃO ACEITAM CONTROLE/ DOMINAÇÃO.
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A VIDA E O REAL ACEITAM NEGOCIAÇÃO/ INTERAÇÃO (EVOLUTIVO).
SOBRE VALOR:
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Tem a ver com liberdade de escolha e com um pensamento articulado com o REAL.
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É uma espécie de “controle de qualidade”, porque tem noção de conjunto.
AINDA SOBRE O APEGO:
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Tem a ver com crenças e com escravidão.
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Criança é muito angustiada e muito apegada, porque está nas mãos do outro. Ainda busca a confirmação do outro.
SOBRE CRENÇA, DESCRENÇA E VALOR
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CRENÇA: infantil. A criança recebe o valor do outro (família, escola, religião, sociedade) e o recebe como crença, porque não tem ainda a capacidade de fazer julgamento de valor.
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DESCRENÇA: adolescente. O adolescente questiona as crenças, é do contra, mas ainda não tem valor pessoal
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VALOR: adulto. O adulto (e não o adulterado) possui valores pessoais, porque faz julgamentos de valor. Respeita as crenças e ou/valores dos outros e cuida daquilo que para ele tem validade.
SOBRE CRENÇAS E CRENÇAS ARRAIGADAS
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Crença é uma organização primária – bússola mítica. Está em mim, mas não é meu.
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Para perceber suas crenças arraigadas, veja os ditados familiares.
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Crença é organizador do coletivo (grupos, instituições, culturas, etc).
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No individual, a crença sem julgamento de valor se torna crença arraigada (sem esforço, sem construção, sem questionamento, uma cópia apenas). É um falso valor.
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Crença é funcional no grupo e disfuncional no individual.
** Se você mexer na crença de um grupo, pode destruir este grupo. E se mexer na crença arraigada de alguém que ainda não tem um sinal de INDIVIDUAÇÃO E MATURIDADE, pode até “psicotiza-la” porque tira o “chão” da pessoa (que não construiu valor próprio/ mundo interno).
ATENÇÃO!
CRENÇA NÃO É VALOR!
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Crença não é algo meu. É emprestado pelo sistema familiar, pelo grupo.
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É um falso valor ou um valor falseado.
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É imposto e/ou obrigado.
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Tem que – diferente de necessidade, de desejo, de querer e de sentido.
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Não tem escuta, não tem conversa, não tem negociação.
QUEM TEM VIDA INTERIOR E VALOR, NÃO PADECE.
VAI FICAR TRISTE, MAS NÃO VAI PADECER.
ADULTO: é quem tem mundo interno e noção de conjunto.
Tem integrado mundo interno e mundo externo.
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Mundo interno = sentir e pensar sistemicamente (refletir). Reino dos valores.
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Mundo externo = pensamento desconectado do sentimento. É viver no “reino” das importâncias (trabalho, dinheiro, posição social, títulos profissionais, titulos de estado civil, titulos da sexualidade…).
ADULTERADO: é quem não tem noção de conjunto e
vive preso no imaginário/imagem (somente mundo externo).
CURIOSAMENTE, QUANTO MAIS VOCÊ DER ERRADO NO REAL,
MAIS VOCÊ ESCAPA PARA O IMAGINÁRIO,
SE “ENDEUZA” E QUER SER “ESPECIAL”!
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O ADULTERADO tem muletas sofisticadíssimas (drogas, bebidas, doenças, trabalho, dinheiro, amor apegos, dependências e co-dependências em geral).
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Exemplo: o alcoólatra NEGA que tem consciência do que está acontecendo (e de uma forma ou de outra, toda pessoa tem um nível de consciência). Então ele bebe para PERDER a consciência e o resto do VALOR que tem. Assim, cada vez mais ele fica APEGADO à bebida e distante do Real.
SOBRE VALOR VERDADEIRO:
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É o que faz SENTIDO; o que dá sentido!
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Vem de sensibilidade, de sentir (escuta interna e externa).
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Mas atenção! Se você se apegar a um valor, ele vai se tornar um apego/ uma crença.
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Valor tem prazo de validade!
SOBRE FALSO VALOR:
- Apego e crença ainda não é valor. Pode vir a ser, porque é uma primeira noção rudimentar de valor.
VALOR É:
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Algo muito solitário (sem dependências).Fui eu que escolhi porque quis.
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Só eu sou responsável pelo aquilo que eu escolho e valorizo.
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Valor me põe sozinha diante do universo. Certo ou errado é filho meu. Sou eu que escolho o que faz sentido pra mim.
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Portanto crianças, jovens e adulterados não têm valor. Têm crenças ou modas porque seguem a cabeça dos outros.
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Precisa-se de tempo e de estar individuado para se ter valor.
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O APEGADO TEM HORROR A SOLIDÃO, porque ele não gosta de decidir e responder por ele mesmo.
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CRENÇA DE MULHER é viver no AMOR APEGADO. A liberdade dela fica nas mãos de um homem ou dos filhos. A Menina quando nasce ganha boneca (treino de amor apegado, sem liberdade).
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HOMEM: valor máximo para homem é LIBERDADE. E o amor fica nas mãos de uma mulher. O menino quando nasce ganha bola ou carrinho (treino de liberdade, mas não vai poder lidar com afetividade).
ALGUMAS REFLEXÕES:
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QUAL O MODELO DE FUNCIONAMENTO DE SUA FAMÍLIA: ADULTO OU ADULTERADO?
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Lembre-se que os filhos têm uma LEALDADE FAMILIAR e repetem o padrão familiar.
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VERIFIQUE OS SEUS ABANDONOS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCENCIA. Como você obtinha atenção?
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VOCÊ DÁ ATENÇÃO PARA VOCÊ MESMO? Como você faz isto?
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Lembre-se que ser humano tende a trocar cuidados por mimos. Se não recebe mimos dos outros, acaba por si mimar e se tornar “especial”.
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VOCÊ ACREDITA (CREDITA) EM SI MESMO?
Dalai Lama disse:
“– Vocês são doidos de não gostarem de si mesmos? Lá no Tibet, no mínimo temos que gostar de nós mesmos.” (No ocidente educamos na base da crítica).
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EM QUE SITUAÇÃO VOCÊ PERCEBE QUE PARALISOU?
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Foi no mesmo ponto que seus pais?
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A crença mundial nas últimas décadas é baseada no modelo americano de que a gente tem que trabalhar muito para pagar contas e mais contas e ter uma vida quase sem sentido, além de produzir, comprar, vender, comer e dormir. Aí o mundo perdeu os valores éticos, morais e humanitários.
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COMO ESTA NOVA CRENÇA MUNDIAL ATINGIU VOCÊ E A SUA FAMÍLIA?
Texto elaborado por Jaqueline Cássia de Oliveira
Psicoterapeuta Sistêmica – CRP 04/7521
Fontes:
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Apostilas e aulas do Curso de Pensamento Sistêmico – Dra. Zélia Nascimento – Belo Horizonte, MG/Brasil
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Livros , apostilas e entrevistas de Dr. Eduardo Kalina – Buenos Aires – Argentina